Renascimento
Renascimento
Acabado, dilacerado, chorava sangue
Perdido na sarjeta da vida
Jogado feito um trapo no sótão
Cuspido como saliva
Solitário, de mãos dadas com a solidão mortífera
Com aquela floresta de dor
habitada por traumas e decepções
Estagnado, retraído, isolado
Ao chão da amargura
Com migalhas fétidas
Em cima de sua culpa alarmante
Que descia pelo rosto
Como um lubrificante de remorso
A sua magreza de força era horrenda
Perceptiva ao deboche
Ao insulto, ao julgamento
Setas com pontas de punhais
Furavam todo seu corpo
Penetrava na alma
Aquela escória de gente era mantida como um animal
Pouco o restava
Pouco era o tempo de estrada que ainda sobrava...
Doente, ferido, perturbado, solitário...
Prestes a cair em um sono eterno
O quase-humano olhou ao alto e clamou ao Dono da vida
Implorou por uma luz...
Imediatamente um ser celestial veio ao encontro da criatura estirada ao chão
O anjo abaixou, pegou ele pelas mãos, e deu a ele um sopro de vida...
Renascendo das cinzas...
Aquela flor murcha e sem brilho, ganhou cor e está florescendo a sua nova floresta.