Renascimento

Renascimento

Acabado, dilacerado, chorava sangue

Perdido na sarjeta da vida

Jogado feito um trapo no sótão

Cuspido como saliva

Solitário, de mãos dadas com a solidão mortífera

Com aquela floresta de dor

habitada por traumas e decepções

Estagnado, retraído, isolado

Ao chão da amargura

Com migalhas fétidas

Em cima de sua culpa alarmante

Que descia pelo rosto

Como um lubrificante de remorso

A sua magreza de força era horrenda

Perceptiva ao deboche

Ao insulto, ao julgamento

Setas com pontas de punhais

Furavam todo seu corpo

Penetrava na alma

Aquela escória de gente era mantida como um animal

Pouco o restava

Pouco era o tempo de estrada que ainda sobrava...

Doente, ferido, perturbado, solitário...

Prestes a cair em um sono eterno

O quase-humano olhou ao alto e clamou ao Dono da vida

Implorou por uma luz...

Imediatamente um ser celestial veio ao encontro da criatura estirada ao chão

O anjo abaixou, pegou ele pelas mãos, e deu a ele um sopro de vida...

Renascendo das cinzas...

Aquela flor murcha e sem brilho, ganhou cor e está florescendo a sua nova floresta.

Felippe Lacerda
Enviado por Felippe Lacerda em 05/07/2017
Código do texto: T6045999
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