Deus apenas queria
saber mais de mim...
Queria que eu conversasse com ele...
 
E dissesse das minhas angústias.

Depois disso, Deus me mandou pro meu canto
E eu fiquei feliz afinal
Por saber quem eu sou...
 
E poder sempre gritar...
Sem ninguém escutar.


Eu tenho que administrar
os meteoros que caem
em minha volta...
 
Só isso.

E pensar que o abajur que comprei
Que se carrega a luz do sol...
É o motivo do meu sorriso.
 
E pensar que Cecília Meireles é a primeira
escritora, em anos! Que me faz gostar de poesias...
Sem ser as MINHAS poesias.
 
Só isso.
 
E na hora de ler (a Cecília)
eu preciso do meu novo abajur
e sua luz...
 
Que minha mente não traga
e também nem traduz.
 
Eu tenho que administrar
os meteoros que caem
em minha volta...
 
Sem dó.
 
E pensar que até mesmo a água que se compra
pra tomar com uma amiga
que está com sede
 
O livro que se vende
a um precinho
bem justinho...
 
Mesmo com concorrentes...

E também o mesmo abajur que comprei
emprestar por uns minutos
para iluminar a mulher e sua arte de rua...
 
Cada sorriso que eu der...
 
Talvez faça de mim
algo que se assemelhe
brevemente
 
A um homem de bem.
 
 E as pessoas sobem e descem
Sobem e descem... Sobem e descem...
 
Se curam ou enlouquecem.
E eu estou exatamente onde queria
no meio da ladeira, altivo e especial.
 
Como um porteiro
entre o bendito paraíso
e o inferno bestial.