Mereço
Sem falsear com a modéstia vou afirmar
Penso merecer o bem que me acontece
Pode atestar todo aquele que me conhece
Tento melhorar em todo e qualquer lugar
Entretanto afirmarei da mesma maneira
Também mereço os espinhos dessa flor
Com seu suave odor, apesar de toda dor
Sofrer não há quem queira, mas ela cheira
É nesse paradoxo singular que a vida está
Nem bem é oásis, tampouco é deserto
A distância não é tanta, nem estamos perto
É uma misteriosa gangorra a nos balançar
Nessa Babel tento fazer meu melhor papel
Sendo certo que tropeço e volto ao começo
Sei que meu tudo tento doar a qualquer preço
Só o Pai julgará se irei para o inferno ou o céu.