NOVOS ARES
Então o filhote salta do ninho
E alça seu primeiro voo, sem medir as consequências
Assim como um pombo sem asas, se joga a esmo
Pensando encontrar refúgio permanente
Na tão sonhada busca do seu “Eu” somente.
Será que se apraz com a tal liberdade que tardia?
Será que ele pressente que há aves de rapina traiçoeiras
Que seguem seu voo solitário ao longo do trajeto
Paralela à solidão dos dias fora do seu antigo teto?
Um piar, um tilintar perdido no horizonte
Poderá lembrá-lo de alguma característica familiar
Do tempo que “mamãe ave” lhe dava carinho
E até comidinha no bico
Entre achego e aconchego bem quentinho!
O preço da suposta liberdade não está na abundância
E nem nas amarras que tendes a desatar
Há de calcular voos forçados, altos ou rasantes
Livrando-se de predadores que lhe atacarão a todo instante.
Agora que se “libertou” do seu velho ninho!
Voa passarinho...Voa.
Bata suas asas e sacuda suas próprias “penas”
Aproveite enquanto tens o mundo todo como morada
Antes que a vida lhe apresente outra gaiola,
Aramada, física ou psicológica em forma de algemas.