Para além

Querer que o outro acolha teu caos e o compreenda

é perder o navio que atravessa a vida...

É um não embarcar a todo momento.

Tem pedra que é sua e não tem jeito. Atirá- la vai, no máximo, estourar uma ou outra vidraça.

O vento ainda será capaz de carregá- la de volta às tuas mãos.

É o que temos de nosso;

destroços materializados das nossas tormentas.

Segura nas mãos com firmeza,

arranha os móveis,

risca os carros,

afunda na terra...

Mas enfia de volta no bolso e pisa firme até além.

Para além do outro.

Que o outro não te sabe.

Não te leva.

Querer que o outro te sinta e compreenda

é esperar Godot até o fim das andanças...

É ser Vladimir e Estragon para sempre.

Talita Fernanda Sereia
Enviado por Talita Fernanda Sereia em 17/06/2017
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