Para além
Querer que o outro acolha teu caos e o compreenda
é perder o navio que atravessa a vida...
É um não embarcar a todo momento.
Tem pedra que é sua e não tem jeito. Atirá- la vai, no máximo, estourar uma ou outra vidraça.
O vento ainda será capaz de carregá- la de volta às tuas mãos.
É o que temos de nosso;
destroços materializados das nossas tormentas.
Segura nas mãos com firmeza,
arranha os móveis,
risca os carros,
afunda na terra...
Mas enfia de volta no bolso e pisa firme até além.
Para além do outro.
Que o outro não te sabe.
Não te leva.
Querer que o outro te sinta e compreenda
é esperar Godot até o fim das andanças...
É ser Vladimir e Estragon para sempre.