ESTRADA SEM FIM

Finja, poeta, que nem tudo está perdido,

que acordarão a tempo, os bárbaros,

antes que sejamos encerrados no vidro

selado das memórias perdidas,

antes que nos tornemos pasto ao sol,

saborosa última comida...

Creia, poeta, que os teus vindouros

verão o nascer da lua depois do aurífero sono,

que porão as mãos no maior dos tesouros,

sentir para sempre que serão de si, donos...

Aja, poeta, com tua marreta de verbos,

escreva em bronze teu perpétuo credo,

tua música faça soar antes que ergamos

a última taça e pela estrada sem fim sigamos...