Masoquismo moral
Quando embora se vão
os ponteiros da vida
mal-estar e desilusão
assolam a perdida
fria noite de verso e prosa,
a invisível rosa
dos ventos de um sonho
vês um bardo tristonho
é a canção enleada
do que sentia e não a fez
deixar arrebatada
era o dia, era a vez,
mas haviam espinhos,
e ele estava mergulhado,
e continuaram sozinhos
em universos paralelos
trevas em luz ao seu lado
mas não quis ser iluminado
pois seu mundo tinha elos
e concepções de um quebrado
prazer, como ele queria...
e a noite se fez dia
só precisava de um tempo
consigo mesmo, e com ela,
mas seu pensamento,
ilógico, rendia-se à atitude
esquiva que vinha dela
e o mergulho profundo
dominou com fome e sede
as entranhas de seu mundo!
Não preciso dizer
que, distônicos, se foram
repulsos no lidar, mas, no ser,
seus mundos se contemplam
ainda que distantes,e próximos,
uma a correr nas passarelas
do tempo, e ambos exímios
poetas em suas celas
de timidez, medos, castigos,
o que eles têm em comum?
Não conhecem os perigos
e nem o buscam em algum
ponteiro fugaz de cegos
e, estóicos, fogem pelo ar
feito sonho peculiar,
compartilhadamente,
feito versos na mente!