IR
Em dias de penúria e indecisões
é preciso soltar as amarras do barco
e navegar por sobre intensas ilusões,
no céu lançar a flecha do teso arco...
Vagar, quem não vaga, a espiar
a linha do horizonte onde tantos se vão,
remos à mão, remar, remar, remar,
músculos retesados do corajoso coração?
Ilhas ao Norte, enseadas ao Sul,
tempestades de alto quilate a ferroar,
vez ou outra o imenso e vazio céu azul,
nautas em viagens insólitas sobre o mar...
O amor campeia por porto,
a alma campeia por forma e conteúdo,
o espírito campeia pelo próprio rosto,
o corpo campeia por todos, ereto, mudo...
Se achar não há de,
a pepita ou a argamassa do esqueleto,
ir é preciso, ir, querer e querer,
além do promontório do medo...