Na dura solidão que me impões
No meu quarto quieto,
Sozinho como sempre tenho sido,
Sozinho como sempre serei.
Mesmo que a minha voz,
Aparentemente ressoe nas paredes despidas,
Não incarna no teu corpo ausente
Substancia deformável da solidão
Nas sombras que me povoam a memória
Milhares de vozes gritando em mim,
A fome de milhares de vidas, e um só corpo!
Sobrevivo, sonhando a vida e a consciência da mesma
Numa espécie de oração, uma prece erguida
Vida, pela vida que desejo e toda a outra que perco
Na vontade de inconscientemente me manter preso
A uma fé antropológica na necessidade de me doar
E eu, aqui, assim, preso a um quarto
Sem forças ou vontade para sair…
Sírio de Andrade
31/05/2017
21:15