Mergulho
Quão belo desatino
esvaecer os tons de luz
entre chumbos e trevas
em meio dia a pino
em deserto que reconduz
multidões, de rios e selvas
petrolíferas, cibernéticas
a talvez um maguetown
a atlânticas e ecléticas
águas do manancial,
que seja ante imperial,
maquiavélica e vil
máscara o riso da alma
espontânea e pueril
e ao mesmo tempo sábia
como a prece e a calma
a clamar à retidão
dias de Sol e alegria
em tão reprimidas vontades
feito o mundo em solidão
no frio Carbono das cidades
nas telas, espelhos, vaidades,
no buscar infindo "imortal"
Narciso, Kuravas e sofista
feito alimento surreal
de elementos carentes
de sonhos, mundos, poentes,
de etérea mente que sente
o cheiro, o olhar reluzente,
o verso, a prosa entrelaçada
com um gole de aguardente
em sono profundo, vida,
de que vale a almejada
virtude hipócrita vigente
numa doce despedida
descobrir que está doente
e jamais ser reerguida?
Os sinos dobram,mas por quem?
Ponteiros obsessivos
famintos acham alguém
alheio aos seus crivos,
como a epigênese do amém
nasceu da incerteza dos vivos
serem o mundo e a mente
unidos tresloucadamente
na infinitude do cosmo
em um elo perdido eterno
de jamais achado abismo
fluente, amoroso, paterno!