SOU AQUELE
Às vezes sou aranha
ando na teia das estranhas
sensações
que esqueci no berço do ventre
aí me sinto outro
recuperado
de repente...
Sou - mormente os acasos -
um navio sem âncora
vago nos braços
do mar que avança
e entra terra adentro
sou levado
pelos lábios do vento
até à costa
onde encontro a mais linda mulher
disposta
a me anunciar que por muito me esperou
por causa do amor...
Sou - até que eu saiba
um misto de crucificado e liberto
o que vigia a torre por causa dos inimigos
mas também aquele que acorda e desperto
planta e colhe e cria o pão feito de trigo...
Sou o astronauta que nunca foi à lua
mas a namora quando ando pelas ruas
cheias de ladrilhos lunares
sou aquele dos versos infinitos
dos beijos
dos amares...
Sou aquele que te espia
não esperando teu tropeço
mas sim para enxergar a poesia
que te trouxe ao mundo desde o começo...