Muro de vaidades
Uma pequena gota é que
me faz precioso porque
apraz meus instintos
mais puros e divinais
em árida vida, extintos
que são os desiguais
pulsares das canções
onde esconderam as vozes,
versos, prosas, devaneios,
onde estão os corações
sem mente, por vezes
a iluminar anseios
sem culpa, pueris, alheios,
já não se faz um sonho
como fomos aos nossos pais
o que somos senão desenho
do amor que não existe mais
fomos flecha, arco em barco
nada temiamos, e agora?
Paro, e penso, e me perco,
somos simples hora
em ponteiros insanos,
esquecemos a vitória
entre selvas de planos
que deixamos lá atrás,
fugindo, esquecemos
da nossa maior paz,
e vivemos uma guerra
e afogamos na Terra
temores e anseios
feito herói covarde,
encontramos os meios,
os todos e as partes,
e saciamos nossa sede
nos fingindo de fortes
em um muro de vaidades...