NÃO TOME CUIDADO
Ela não tinha trato com ninguém
saía e chegava sem avisar
não levava chaves, nem batom
nem vivia à sombra
de quem quisesse dela se apoderar
Sempre que podia mudava a direção
confundia tudo
embaralhava o destino
apagava os passos pelo caminho
Não carregava medos
nem precauções
queria o delírio
das coisas imprevistas
do que escapava-lhe os olhos
o gosto e a liberdade
Ela sabia do perigo
de viver sem demoras
mas ainda assim
nunca tomou cuidado
com o tempo
que nunca avisava
quando era hora
de acabar
e de recomeçar