O tímido singular
Entre prosas e versos
de um surdo-mudo poeta
introspectos universos
entre sons de alerta
constroem paralelas
vias de um labirinto
que conduzem a ruelas
de um desejo infinito
de que um filho aflito
a esmolas pedir,
de uma mãe que é mulher
sem lar, em seu grito,
nos façam ouvir
o que foi, quis ou quer
a pura alma do ser,
e que, assim, sem palavras
no seu canto salutar,
no chiste, no aroma, no fitar
rompam-se as amarras
da melancolia
pois, emanando simples
sinapses de uma energia
que é mãe, amigo, pai,
irmãos, cenas, filmes,
um elo indescritível
como a chuva que cai
em um dia incrível
entre duas almas sedentas
utópicas e ausentes
porque nunca ali estiveram
e perdemos as contas
do quanto pulsantes
nossos sonhos eram,
e vedam-se os olhos, o sono,
dos amores as fontes,
foram-se o bom e o profano
juntos em um vendaval
ou me resta a memória
futura do que me fez mal
ou, presente, se faça
homem comum da história
a entrar nessa caça
infinda e teimosa
por essa rosa airosa
ainda que seja, à mesma,
mineral ou simples sofisma,
jamais mentirosa
seja tal batalha,
mas um dia possa, velha,
nas folhas da memória
ser uma carta de glória
a florear seu dia!