O tímido singular

Entre prosas e versos

de um surdo-mudo poeta

introspectos universos

entre sons de alerta

constroem paralelas

vias de um labirinto

que conduzem a ruelas

de um desejo infinito

de que um filho aflito

a esmolas pedir,

de uma mãe que é mulher

sem lar, em seu grito,

nos façam ouvir

o que foi, quis ou quer

a pura alma do ser,

e que, assim, sem palavras

no seu canto salutar,

no chiste, no aroma, no fitar

rompam-se as amarras

da melancolia

pois, emanando simples

sinapses de uma energia

que é mãe, amigo, pai,

irmãos, cenas, filmes,

um elo indescritível

como a chuva que cai

em um dia incrível

entre duas almas sedentas

utópicas e ausentes

porque nunca ali estiveram

e perdemos as contas

do quanto pulsantes

nossos sonhos eram,

e vedam-se os olhos, o sono,

dos amores as fontes,

foram-se o bom e o profano

juntos em um vendaval

ou me resta a memória

futura do que me fez mal

ou, presente, se faça

homem comum da história

a entrar nessa caça

infinda e teimosa

por essa rosa airosa

ainda que seja, à mesma,

mineral ou simples sofisma,

jamais mentirosa

seja tal batalha,

mas um dia possa, velha,

nas folhas da memória

ser uma carta de glória

a florear seu dia!

Dr Niedson Medeiros
Enviado por Dr Niedson Medeiros em 01/05/2017
Código do texto: T5986875
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