Vaidade das vaidades
Quantas palavras não ditas
nas chaminés do tempo
evocam dias sombrios
de idéias desfeitas?
E limpo o pensamento
em novos desafios!
Quantas horas a fio,
sobre a ponte da vida,
a gente destrói em brio
airoso que, atrevida,
a mente insiste em resgatar?
Quanta chance perdida
você fica a colecionar?
Trem passageiro que a gente
separa dos trilhos
simples como vontade torpe
que se faz e não se sente
na pele própria ou dos filhos,
não há tez ou pó que escape,
nem lágrima ou saudade,
tudo passa, tudo é vaidade,
o gume sedento que ceifa
veloz nos ponteiros dos dias
não perdoa sono ou estafa
lá se vão sangue, suor,
doenças, tristezas, alegrias,
lá se vai o amor
no último bonde astral
de nossas doces horas frias
cá você a cegar ante
relapso céu desigual,
como nunca, radiante
na certeza do incerto
pulsar, estranho espasmo
que a encontra no cosmo
errante, em Marte, perto,
mas algo interno expressa
o caos em bruma e pressa
que te envolve, de fato,
e conclamo o falho ato
e a energia então cessa
em um até logo insensato!