* Silhueta *
(...) De onde vem todos os sons que não sinto?
Escuto o ruir do tempo,
Que em silêncio, petrifica sua passagem.
Olhos parados, admiram sua miragem.
Que ecoa no vazio,
E no clarão!
Fez-se relâmpago.
Que relampeja a brevidade que em nossos olhos há.
Passa depressa,
Passa ligeiro,
Tempo, ele,
Menino faceiro,
Que arrasta consigo lembranças e ilusões.
Que guarda em tua caixa cravejada de brilhantes,
Histórias,
Memórias,
Desilusões.
Mentiras irrisórias...
Insólitas solidões.
Leva consigo,
Deixa comigo,
Partes,
Metades,
Grandes multidões...
Carrega pro mundo a fora,
A degola de sua própria existência.
Fatigado, morre pagando sua sentença.
De ter a absoluta certeza que ,
Amou a quem o odiou,
Odiou a quem o amou,
Levou a quem o deixou,
Supriu a quem o abandonou!
Tempo, precioso tempo!!
Velho menino,
Deixou-se ser levado no vento.
O tilintar de teu cristal,
Que de tão fino,
Se fazia forte, vil metal.
Hoje perdido,
Guia-se pelo instinto...
De tudo vivido,
Ser somente...
Silhueta,
Dentro da ampulheta,
Poeira !..."