O BICHO
Não há muito o que fazer
a não ser varrer
o lixo para fora dos seus domínios
avise os outros
balance o sino
no seu pescoço
olhando bem você é ainda tão moço
olhe lá está alguém beijando na esquina
mais adiante há pessoas se enforcando com barbante
o melhor é limpar
o chão de terra batida
não esperar por outra vida
para reparar os danos morais e imorais
vá
cheque o pulso
seus sinais
ainda dá tempo de redirecionar o tempo
no seu relógio de agruras
faça como os bons que eliminam os maus
a tortura está madura
faça como a raça de jovens
que morre sem nome nas praças da Venezuela
fixe sua coragem num ponto equidistante
e melhore a pontaria
há alvos constantes
feche as duas partes da frigideira
e deixe que morram os que querem que você morra
há muito para se fazer
na terra que foi dos índios
crie sua oca
sua biboca
seu paraíso tropical
singre o mar de sangue das ruas cariocas
ande pela vasta metrópole adoentada
lá está o bicho a ser devorado
pela sua fome
o nome dele é
homem...