CAMALEÃO
CAMALEÃO
Por Andrade Jorge
Disfarço-me nas linhas, entrelinhas,
seguindo a linha da argúcia do que penso,
amiúde calo os sentidos,
não minto, por vezes omito,
mas permito...
e na mistura das cores
sou a face multicor dos amores,
não transparece o que sinto,
pois uso o pincel da emoção e pincelo
um novo quadro, nova cena,
e na tinta branca perco-me na alva tela nua,
refletindo-me no clarão da lua,
corro no tempo como vento,
que não se vê, mas se sente,
diluo-me nos pingos da chuva a cair
entre os grãos de areia,
gracioso, preguiçoso, lento,
torno-me invisível aos olhares
que não quero sentir;
Um ator ou produtor de ilusão?
Um tudo ou nada?
Inércia ou ação?
Serei tudo e algo mais, ou não
na pele do camaleão.
Escrito em 24/06/2005