aquilo que o mundo me é, é aquilo que ao mundo não sou

cães morrendo abandonados
nas ruas
pela inconsequente falta de
disciplina do ser humano.
gatos escalando paredes,
invadindo casas
porque foram expulsos
de corações que não
mereciam
seu afeto.
e gente dormindo em frente à lojas
de colchões.

as igrejas estão lotadas
e os hospícios estão vazios.
não há mais buracos disponíveis
para sermos enterrados.
é mais barato se divorciar
do que morrer,
e as prisões seguem que nem
as igrejas.

pichamos nossos problemas
nos muros que o governo levanta
entre nós.
somos separados, somos
excluídos,
mas nosso sangue é da mesma
cor.
temos as mesmas dores, as
mesmas
aflições,
as mesmas doenças, os mesmos
sonhos.

eles nos matam e
nós nos matamos
e nós se matamos.

ainda não estamos cem por cento
evoluídos
e sinto que talvez no próximo milênio
ainda não estaremos.

pregamos o amor defendendo a violência.
pregamos a paz nas guerras.
dormimos com o som dos fuzis que nossos
filhos empunham.
e o preconceito cresce.

quando será que vamos perceber
o quão tóxico somos?
quando será que vamos perceber
que nosso amor deturpado é mais
destrutivo
do que nossas armas nucleares?

espero que não seja tarde demais.

talvez é o pessimismo que esteja
me dando força
para ver o mundo
mais positivo.
Cleber Junior
Enviado por Cleber Junior em 04/04/2017
Código do texto: T5961114
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