TEMPO ESGOTADO

Pó. que vira pedra,

que vira tijolo,

que vira parede,

alta, sem sede

de saber o que guarda,

hera engastalha,

dentro lá, o homem

sem poesia,

a lâmina da alma afia,

guarda que guarda

os bens distribuídos,

sem perdão

por detrás do vidro,

espia a ira

seus bens feridos,

morre e desmorre

o nome sem nome,

a borboleta incauta

viaja na pauta

da música de cassetetes,

tempo?, quatro por sete,

o cobertor espirra

seu ácaros de mirra,

veja lá o bandido

brandindo o sino

da catedral do pecado,

o homem, imortal,

morre ao seu lado,

a bíblia aberta na cama

lança anjos, lança chamas,

a moça no calendário

ri e mostra seu sacrário,

o tempo, esgotado,

come areia,

no chão, deitado...