Outono

Pendurei roupas sujas no varal do tempo;

lavei a alma por esquecer

por quanto o relógio girou...

A vida veio em tantas estações,

desfez emoções

de quem já nem lembro,

mas quando, de mim, dei conta

o calendário mudou...

meu olhos já viam

o que, no mundo, ocorria...

a vida corria,

urgia vitalidade...

daí pude perceber

que o tempo ao tempo pertence,

que a vida acontecia,

transmutando suas imagens...

os ventos varriam as folhas do chão...

pintavam novas paisagens,

levavam ilusões, traziam esperanças,

com novas cores, novos sabores,

traziam jovens aromas...

no ar o presságio

da vinda de novos amores

e o coração, de feliz,

cadenciava risonho...

como num leve sonho

em tudo vinha um portento...

e por um, mui breve, momento

lembrei do tempo, o varal,

porém,

as roupas já não existiam...

mas as lembranças do ontem

faziam-me crer nas mudanças;

Enfim,

em tudo há um início e um fim;

o tempo é o senhor de tudo...

foi assim o outono em mim.

BetoAcioli
Enviado por BetoAcioli em 28/03/2017
Reeditado em 28/03/2017
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