Ruas desertas

Ruas desertas

Nasce o dia

embalado ao som lastimoso

da densa chuva que cai...

abro os meus olhos molhados,

vejo quão a vida segue...

e em minhas ruas desertas,

qual um vulto tu me persegues...

Minha madrugada ainda não acabou

e o teu amor recolheu os passos,

minhas falas se hebetaram,

meu sorriso se fechou...

Entranhas os meus pensamentos,

teus ecos ouço,

sangro,

faço de minh'alma encharcada

minha poesia de dor...

Traço, retraço,

na mente faço um esboço

de como sobreviver

com os meus desejos insanos...

Tento,

e em mim eu já não me encontro;

paro, paraliso,

do canto não me levanto;

de minhas ruas desertas

ouço o plangente coro

do inverno que me espora

pelo tempo que se esvai...

e sem qualquer alvoroço,

morro,

perco a hora...

lá fora,

a chuva que ainda cai...

BetoAcioli
Enviado por BetoAcioli em 26/03/2017
Reeditado em 26/03/2017
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