Ruas desertas
Ruas desertas
Nasce o dia
embalado ao som lastimoso
da densa chuva que cai...
abro os meus olhos molhados,
vejo quão a vida segue...
e em minhas ruas desertas,
qual um vulto tu me persegues...
Minha madrugada ainda não acabou
e o teu amor recolheu os passos,
minhas falas se hebetaram,
meu sorriso se fechou...
Entranhas os meus pensamentos,
teus ecos ouço,
sangro,
faço de minh'alma encharcada
minha poesia de dor...
Traço, retraço,
na mente faço um esboço
de como sobreviver
com os meus desejos insanos...
Tento,
e em mim eu já não me encontro;
paro, paraliso,
do canto não me levanto;
de minhas ruas desertas
ouço o plangente coro
do inverno que me espora
pelo tempo que se esvai...
e sem qualquer alvoroço,
morro,
perco a hora...
lá fora,
a chuva que ainda cai...