CRISE DE IDENTIDADE

CRISE DE IDENTIDADE

BETO MACHADO

A praça era só um cenário.

Moleques desbocados

maltratando a bola,

Rolinhas e pardais dividindo migalhas

Num chão por limpar,

Mas tudo na mais santa paz.

Só que havia, ali, um senão:

Uma beleza jovem

Lutava contra seu Eu,

Mirando os passos e gestos viris

Dos pseudo jogadores.

Como se a quadra tivesse

A forma e a dimensão

Da arena sanguínea

Que é o seu coração

A bela menina projetava-se

Naquela partida.

--- São fracos demais

Pra jogar comigo--- pensava.

---Mas são fortes demais

Suas palavras ofensivas---repensava.

E ela não se arriscava.

Sempre engolia os desejos,

Empurrando a vida,

Como se faz com o tempo.

Desígnio apreendido,

Desígnio seguido.

Como se sonho fosse

Só pra ser sonhado,

Ela vai alimentando

A própria crise de identidade.

Roberto Candido Machado
Enviado por Roberto Candido Machado em 21/03/2017
Código do texto: T5948104
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