I
As vezes perco-me
em minutos
pensando nas coisas ridículas
que já fiz
 
Cheio de maquiagem antialérgica
e nariz vermelho
sendo estapeado na face
por uma vida megera
 
Depois vejo peixinhos
no lago
Hora vivos, hora mastigados
em meu estômago
 
E as árvores
em minha volta
parecem emitir
vontade de viver.
 

 II
DEUS está em toda parte, eu sei
 
Ele é o chafariz desligado
Ele é o playboy em seu
carro envenenado
 

DEUS é o lago
E também é a motocicleta
Imunda, enferrujada, desligada... abandonada
 

DEUS é a mulher
de meia idade
com tatuagem nas costas
 
Que eu observo
Me imaginando
a fazer "maldades" comigo
 

DEUS são trinta e poucos anos
E trinta e poucos edifícios e duas praças
com duros bancos
 

 DEUS é, do cocô dos gatos e cachorros
Ao mais belo
arranjo de flores
 

DEUS é este caderninho preto
E seus poemas...
 

DEUS
é tudo
Menos
eu.
 

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Henrique Britto
Enviado por Henrique Britto em 21/03/2017
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