NAS ESTRADAS DO CORAÇÃO
Você nasce, se transforma em criança, adolesce,
cresce, amadurece, não para ficar velho e, sim,
para envelhecer como faz o sol depois do trabalho,
como a velha lua a retocar sua maquiagem com o amarelo do sol,
Júpiter a rodar e rodar sem dar nenhum sinal de cansaço,
como o velho pescador sempre a trocar a isca do anzol...
O amarelo vira laranja, o azul desbota e vira calça jeans,
o marrom se cobre de musgo e nascem plantículas,
o verde dá lugar à cor da fruta madura,
o sapato, de bico aberto,
espia a vida de dentro do armário
e a imagina, agora, um grande deserto...
Mas nascem outras coisas e a vida rejuvenesce,
o coração que a muito batia por compromisso com o relógio
agora dança ao compasso da explosão solar,
nas cercas dos sítios o veludo aparece, feliz,
os olhos recuperam a cor quando um grande amor
surge das montanhas escuras da solidão
e abre clareiras de azul e verde claro
nas estradas do coração...
Por detrás das nuvens um pintor, sentado em seu banquinho,
paleta de cores à mão, pinta e repinta, esparge flocos de cores;
o mundo, com resquícios de sono e letargia, espreguiça,
abre os braços, sorri, se entrega ao nascimento
de um novo e maravilhoso dia...