MEIO DIA NA VILA
MEIO DIA NA VILA
o sol
de boca aberta
bafejava
quentura e brilhos
aqui e ali
nas paredes caiadas de frio
branquíssimo
de arrepiar
nas janelas quebradas de vidro
pintadas
de sem-querer
nas roupas
de chita chique
vestidas de mulheres florais
elas
as mulheres da vila
nos amarelos das sargaças
provocantíssimamente
verdinhas
nas sarjetas sargentos das águas
de chuvinha charrua
que não queria
por nada secar
e também
nas sombras resistentes
das abas
dos homens de palha
debaixo dos seus chapéus
e ele
o sol do meio-dia
ardia
meu deus do céu
como ardia!
Mírian Cerqueira Leite