REMINISCÊNCIAS DOS ESCOMBROS

Os coqueiros e as palmeiras

centenários da desativada usina

têm histórias para contar,

dos tempos áureos da cana de açúcar.

Vejo-os no fim da tarde

nessa época quando os dias

teimosos, custam a ceder

espaço à noite.

Penso nas vozes, ecos de memória

que os imponentes vegetais orgulhosos

guardam consigo: vetustas lembranças,

ininteligíveis e, para nós, eternamente apagadas.

Olho aquele terreno abandonado

as ruínas da história insistem

em permanecer caladas,

lúgubres no espaço urbano.

Nuvens em tons rosados

alaranjadas aproximam-se e, vagarosas,

trazem a escuridão noturna

para os escombros da usina.

Talvez, na madrugada certamente fria,

os coqueiros e as palmeiras relembrem

sob o luar, histórias, sons

as dores vividas no pátio, agora abandonado.

*Poema publicado na coletânea de Poesias Palavra é Arte, em 2016.

Raphael Cerqueira Silva
Enviado por Raphael Cerqueira Silva em 18/03/2017
Reeditado em 18/03/2017
Código do texto: T5944814
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