REMINISCÊNCIAS DOS ESCOMBROS
Os coqueiros e as palmeiras
centenários da desativada usina
têm histórias para contar,
dos tempos áureos da cana de açúcar.
Vejo-os no fim da tarde
nessa época quando os dias
teimosos, custam a ceder
espaço à noite.
Penso nas vozes, ecos de memória
que os imponentes vegetais orgulhosos
guardam consigo: vetustas lembranças,
ininteligíveis e, para nós, eternamente apagadas.
Olho aquele terreno abandonado
as ruínas da história insistem
em permanecer caladas,
lúgubres no espaço urbano.
Nuvens em tons rosados
alaranjadas aproximam-se e, vagarosas,
trazem a escuridão noturna
para os escombros da usina.
Talvez, na madrugada certamente fria,
os coqueiros e as palmeiras relembrem
sob o luar, histórias, sons
as dores vividas no pátio, agora abandonado.
*Poema publicado na coletânea de Poesias Palavra é Arte, em 2016.