Um amigo chamado tempo
Prazer, eu sou o tempo.
Não você não me conhece, ainda.
Não é o tempo, mas no tempo me conhecerá.
Desculpa-me se atrapalho seu lazer
Seu precioso tempo, mas precisei voltar.
O caminho percorrido até te encontrar é
Um imenso oceano de surpresas:
Amáveis, alegres, encantadas, lamuriosas,
Tristes... Tardias... Perdidas... Silenciosas...
Assombradas... Rancorosas... Enfim.
Mas não se inquiete por isso, eu alivio tudo isso, no tempo.
Nesse caminho até você ouvi sussurros.
Diziam que eu estava parado,
Ora diziam que não me viram passar
Uns diziam que não me aproveitaram
E que se soubessem, aproveitariam...
Outros diziam que até tentaram segurar o ponteiro do relógio
Porém não dei trégua e passei de novo.
Ouvi, nesse trajeto, dizer que sou curador...
Uns me agradeciam: “Eu sabia que resolveria. Obrigado, Senhor tempo”.
Outros lamentavam minha passagem: “Ah... se eu pudesse voltar atrás”.
Por fim, fui testemunha de frutíferas colheitas, desde o tempo em que
na terra fértil se plantou; do mesmo modo, atestei pobres colheitas...
Nessas últimas nada pude fazer... Apenas passei.
Já é tarde, a ampulheta não me espera... Preciso ir...
Todavia, peço-te algo antes da minha partida, me aproveite.
Não me perca!