Insone

Há plantonistas insones em minha aldeia

não sonho só, tenho a sua doce companhia.

O silêncio perdura porque ali emudecemos

apenas o vozerio mental é por demais estridente.

Lá fora uma lua oblíqua escoa sobre a noite,

um rio de prata que se estende

até aos vértices montanhosos.

Os cães apenas meneiam o focinho, - e só -,

logo voltam a dormir.

O mar lateja nas rochas e desliza na areia

com lassidão.

Há um eco solfejando teu nome em meu peito.

Talvez, por isto, custe a adormecer.

O céu crispa de estrelas

a espera da madrugada ovular

até parir o amanhecer.

Mais e mais meu peito retumba o teu nome

tal como se fosse escrito na areia

que as águas lambem e ruminam.

É sempre assim,

enquanto o dia não vem à luz.

Rui Paiva
Enviado por Rui Paiva em 10/03/2017
Código do texto: T5936569
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