Insone
Há plantonistas insones em minha aldeia
não sonho só, tenho a sua doce companhia.
O silêncio perdura porque ali emudecemos
apenas o vozerio mental é por demais estridente.
Lá fora uma lua oblíqua escoa sobre a noite,
um rio de prata que se estende
até aos vértices montanhosos.
Os cães apenas meneiam o focinho, - e só -,
logo voltam a dormir.
O mar lateja nas rochas e desliza na areia
com lassidão.
Há um eco solfejando teu nome em meu peito.
Talvez, por isto, custe a adormecer.
O céu crispa de estrelas
a espera da madrugada ovular
até parir o amanhecer.
Mais e mais meu peito retumba o teu nome
tal como se fosse escrito na areia
que as águas lambem e ruminam.
É sempre assim,
enquanto o dia não vem à luz.