POR ALGUM MOTIVO
Confiei nas palavras e elas me traíram:
onde escrevi velocípede apareceu enguia,
onde desenhei hieróglifo surgiu estereótipo,
aqui onde pus o rabisco de redenção apareceu cão...
Antes que surgisse outra qualquer intenção,
onde pus desvairado sentimento,
vermelho, rubro, tenso, vivo,
surgiu coração...
Cá, onde quis retratar o verso desleixado,
puseram elas, doidivanas, o soneto transfigurado,
onde quis por, por algum motivo, ameixa e teimosia,
elas, insurgentes, escreveram poesia...