O DÉCIMO SEXTO DIA
Chegou o décimo sexto dia.
Olhou pela janela fria...
Do trem que já partia...
Sentiu saudade e profunda nostalgia.
Desenhou no vidro liso...
Um pedaço de friso...
Parecia um sonho, um riso.
Colocou um ponto...
Que lembrava acalanto...
Para seu infinito pranto.
Desenhou um céu de emoção...
Colocou acima a imensidão...
Cortou um pedaço de sua solidão.
Ao fundo fez alguns arabescos...
Rabiscados e bem frescos...
Viu ali seus sonhos secos.
Estava no auge, no fim da linha...
Não via rumo, apenas não se continha...
Era muita loucura e dor fininha.
Rasgou um pedaço do sonho...
Escreveu um ditado estranho...
E encarcerou seu mundo enfadonho.
Gritou profundo...
Ao fim do mundo...
Em lamento moribundo.
Sim era seu fim...
Não sabia ser assim...
Aquilo que vive enfim.
Viu uma luz brilhante...
Parecia diamante...
Com brilho muito constante.
Sentiu um socorro necessário...
Abraçou aquele bom presságio...
Chorou um choro de amparo.
Quer seguir em frente...
Quer seu falar rente...
Precisa, é muito urgente.
Veja o que pode fazer...
Seja um braço a socorrer...
Esta que quer viver.
Seja uma luz, um ponto...
Seja um clarão, um canto...
Seja paz e acalanto.
Faça algo por esta...
Que seu pensamento empresta...
A quem vive de forma tão funesta.