Ultimatum do Ser
Eu não sou minha tristeza.
Não sou o que no passado tirou de mim o sangue inocente.
Não sou o espinho que me furou,
Nem tão pouco a lâmina que me cortou.
Nada quero falar
Tudo quero dizer.
Não sou o me acometeu.
Não fui ontem
Não serei hoje, nem amanhã.
Meus olhos choram pelo passado
Mesmo passado que um dia me tirou a vida.
Não sou a dor que me bateu.
Nem o soco que me socou.
Não sou o punhal que me furou a cabeça,
Nem o martelo que me arranhou o peito e deslocou o braço.
Não sou a corrente que me enforcou
Nem o ferro que me machucou
Não sou o soco na barriga que você me deu
Não sou a batida na cabeça que você bateu.
Não sou a surra que você diz que me deu
Não "aprendi" como você diz ser motivo para o que aconteceu.
Não sou tuas ofensas feitas ao meio dia
As quatro dá tarde
E as oito dá manhã.
Não sou tuas palavras hostis,
Não a agressão que sofri
Não sou a depressão que vivi
Não sou o corte que fiz
Não sou, pois sei o que vivi.
Não sou, pois com tudo isso não morri.
Não sou, pois ainda estou aqui.
Não sou o que me acometeu,
Não sou pois transcendi.