Instante
Somos um instante no infinito,
ao acordar no mesmo dia e
ao ficar sentados frente à tela,
sem a aventura do desconhecido,
no dia atemporal já programado.
Fazendo o que quiser, sempre igual,
seguindo o mesmo caminho.
A sensação de vida nos deixa
desconectados, vivendo vidas alheias.
A realidade cotidiana distraída
pela celebridade construída.
Nosso tempo é consumido como
combustível, sem ser assumido.
Já esgotados, não somos nós
mesmos. Nossas máscaras são
rostos do passado, esculpidos
nas pedras do esquecimento.
Ignoramos as pequenas coisas,
os olhares sem conexão virtual.
Como seguidores, não lideramos
e nem escrevemos a própria história.
Poema publicado no livro
Neste Tempo de Cólera
Editora Penalux, 2017