PREGUIÇA FELIZ
De todos os tipos de delícias
prefiro a que mais me obriga a descansar,
ou, seja, a velha e boa preguiça,
que faz o pé esquerdo o direito coçar,
se ainda assim não bastasse o coçar delicioso,
levanto a mão e coço o descansado pescoço...
Primeiro, os olhos mal se abrem na tarde quente,
a brisa que vem e roça se deita e faz troça,
só escuto, devagarinho, os pés, e digo - lá vem gente!,
a coceira na panturrilha se agiganta e eu digo - nossa!
A nuvem começa como um urso que caça o vento,
depois muda para um castelo e depois um avião,
preguiçosamente paro o relógio e assim o tempo,
quase meditando regulo as batidas do coração...
É preciso muito energia para alcançar a preguiça feliz,
é preciso muito treino para se avançar nessa ciência,
estender mui devagar a língua e sentir o gosto de anis,
entender como funciona a maravilhosa indolência...