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Pouco a pouco o tempo passa. Se arrasta, descompassa.

O metrô enche. O metrô esvazia.

Papo vai, papo vem.

Gente demais, mas ninguém ama ninguém.

A pressa te leva, pra onde, afinal? Só leva. Vai. Te faz correr, empurrar, te cega.

Numa lacuna tentamos encaixar a vida. Porém, ela é pequena. Não cabe um tambor, uma dor, quem dirá um amor? Mas cabe uma ocupação. Cabe um diploma. Cabe uma obrigação.

Tu procura, mas não acha. Procura sem querer, mas não se dá ao prazer de viver. Pois, quem somos nós? Viver não é o que nos foi imposto? Não é gastar suas únicas 24 horas em coisas que sequer fazem você lembrar que um dia rir, sentir e chorar eram coisas boas?

E os fios vão do castanho ao grisalho. E o corpo vai da energia ao cansaço. E a graça vai da risada a tosse. E os olhos vão de abertos a fechados.

E se foi. A corrida parou. O cansaço acabou.

Corrida pelo quê, mesmo? Mas não há mais como responder.

O mundo continuará girando, com mais marionetes como você, como eu.

Nos fazendo sentir importantes, quando não deixamos de ser números. De ser quantidade em massa. De ser animais enclausurados nessas jaulas que nos são colocadas desde que abrimos os olhos, até fecharmos.

Somos leões, e a sociedade, o circo. Dopados, domesticados, machucados, e nunca mais amados.