QUANTA MAGNO
Pense que está aqui de férias,
fora dos desígnios que recebera no Paraíso,
a carteira de trabalho, colher maçãs e lavá-las e limpá-las,
está aqui para rir com os palhaços,
para chorar com os parentes do morto,
está aqui para deter o fluxo da loucura maligna,
nem precisa fazer força e nem carregar pedras,
basta tomar da vontade que lhe basta em seus atos,
que queira escrever sobre a seca que assola,
escrever sobre os iates que boiam no Pacífico...
Saiba que está aqui porque não mais pertence ao espaço,
aquele que dizem que está bem lá no alto,
você veio para este mundo e a grama precisa ser cortada,
é preciso que construa a ponte sobre o abismo,
que reúna suas forças e impeça as calamidades,
dentro de você pulsa o quanta magno que te deu luz,
o riso do Deus que acordou e procura por você,
e nunca, nunca mais, haverá o sino diabólico
que soa quando a tarde se enfia no saco da noite
e se arranha toda como gato que rumo,
bem antes que cheguem os anjos
que bebem luz em seus cálices
construídos com a carne da lua...