URGENTE

É urgente que leias o poema que está em sua gaveta...

Que absorva cada miúdo signo contido em cada letra,

o ponha de espera feito sentinela na porta do teu peito,

poema que redefine o que está escrito em sonho perfeito...

Urgente é ainda mais que o absorva como as esponjas siderais,

que o coma tua voraz vontade como a um barco teu cais,

faça dele o dístico da bandeira que carregas,

rompa a ignota aorta do sangue que trafegas...

Urgentíssimo é que saiba cada fonema nele cantado,

que teu canto seja o grito do Olimpo desajeitado

nestes tempos modernos onde deuses são armas de jogos,

que busque neste poema o sentido pleno do teu logos...

E sendo na urgência o encontro entre o razoável e o misterioso,

a teus pés seja jogado o que foi capturado sem alma e sem rosto,

aquele que dormiu na caverna e viu o sol entrar pela fresta ínfima,

aquele que estendeu a mão e abriu a luz em suas partes íntimas...