Melancolia

Fonte solitária

De todo desalento e profunda melancolia

Que encerro e densifico

Em negro túmulo

E cárcere autodeclarado

No cerne do habitat de Brahman.

Mácula tempestuosa

que sopita e atordoa

E veste-se de eternidade:

Mostra-se sob gritos irascíveis que explodem do branco véu

E sobre também as plumas que estendem-se em suspiros (em âmago) gloriosos

Que impede o divórcio

Dessa peremptoria distimia que acinzenta o cântico

E torna-me escrava do sentir impronunciável

E enfadonho e jamais querido.

Que empurra-me à mais vil face

Da derrota e da culpa

E prende-me ao infinito lodo

Do expectar alicerçado em execrável esperança

Neste pântano de tormento ignóbil

Esculturado por ti em argila noturna

Foi ambição minha penetrar.

Não atiro a ti palavras malditas

Tampouco um verbo que pretende maus agouros

Ou qualquer matiz enegrecida:

A ti entrego o único lírio deste penhasco.

Somente espero

Que no nascer do último sol dos três mundos

(Que aqui faz-se primeira luz)

Possa eu deleitar-me

De um sui generis suspiro celestial de aquarela viva.

Nicolle Ramponi
Enviado por Nicolle Ramponi em 25/01/2017
Código do texto: T5892971
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