De onde sou
Sou daqui, sou desses tempos,
sou do futuro também.
O passado me inquieta
e suas memórias, com cuidado,
seleciono muito bem.
Separo fatos e dados,
e fico como um louco,
quando eles, duros, persistem.
Às vezes ele insiste,
malvado, impiedoso,
em, cruel, me atormentar.
O presente? Me deixa tonto!
Tão rápido, tão feroz,
é como um dardo veloz,
meu coração a flechar!
É, estranho, um futuro,
que passado se tornou.
Não tem ele identidade,
é uma bolha de sabão,
que não consigo pegar,
e que quando eu a toco,
explode vazia no ar!
Devo, humilde, confessar,
porém, que por mais que goste
do instante, da quimera,
que estou a eternizar,
é o porvir que mais quero!
É como se fosse a amada,
fugaz, sutil, me traindo,
das minhas mãos saindo,
querendo não acontecer.
Mas, por mais que ameace,
no ar, volátil, sumir,
eu a prendo dentro de mim.
Não quero que ela, matreira,
vá meus sonhos, sorrateira,
como um tufão, consumir!
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À procura de Lucas