No tempo em que eu era “gauche”
Eu não sou poetaPassam por mim vozes mediúnicas
De esquizofrenia onde plagio pedaços de Baudelaire,
Eliot, Goethe e os 20 anos preciosos da poesia de Rimbaud...
Entre esses pensamentos telepáticos
Sinto dores de lobotomias sistemáticas,
Que me conduzem em delírios alucinógenos,
Às catedrais mais belas dos mais horríveis carnavais.
Eu não sou poeta
Poeta tem letra de médico,
Minha letra se parece com o tédio dos humanos banais.
Minha vida não possui o traço vistoso
Como o verso mais engenhoso que Drummond eternizou no seu de sete faces.
Pois bem, não sou poeta,
Mas sou amante do artesão da palavra,
Se me vejo de queixo caído,
Não foi pela bunda balançante da linda negra com a sacola na mão,
Foi pelos versos apaixonados, mesmo que decaídos, do poeta por profissão.