O CAMINHO
Todos os dias,
quando acordo dos sonhos que não quis e tive,
bebo o café e penso que não vale a pena viver a poesia...
Saio e entro no mundo de ladeiras e declives,
me sento na cadeira e renuncio à minha vida,
diante de mim as palavras corporativas,
minhas mãos tecem o inverso do tempo,
descrio o quis criar em falsa alegoria,
os ponteiros se batem nas mãos do vento...
Saio e respiro o ar que da minha volta nunca foi embora,
lanço meus olhos no turbilhão de cores e minha face cora
quando vê o beijo dos amantes na esquina, abraçados,
e cai, aos meus pés, o que sempre pensei ser pecado...
Quisera conhecer alguém que, sem me conhecer, estenderia a mão,
quisera ter alguém para perguntar o que sei o que me diria,
quisera ouvir para ter certeza das coisas do coração,
vá onde vá, só haverá o caminho da poesia...