VIM
Minha mãe procurou meu pai e disse:
vai, homem, procurar o que insiste
em vir ao mundo
cantar,
clarear,
arrumar
o coral de encantos,
meio preto,
meio branco,
mais que tudo,
amar o belo, o feio,
o possível, no entanto,
o fim justifica os meios...
E eu vim,
montado num floreado de clarim,
apalpado por nuvens sequiosas
que choravam sementes de abóboras,
pelo pé de feijão
da imaginação
cheguei ao chão,
ereto, viril,
como nunca se viu,
pleno de afeição...
O mundo detonado esperava
por minhas mãos, minha enxada
de cavoucar à procura de palavras,
meio doces, meio amargas,
para o replante da luz que fia,
chamada por quem vive essa vida rara,
de poesia...