SE...
Se o céu, lá no alto, está azul,
meus olhos, que o veem daqui do chão,
também estão blues...
Se o pássaro, que passa apressado,
voa todo acelerado,
voo eu também,
com ele sigo muito além do aquém,
para além do esperado...
Se a rua foge aos sentidos e some na linha do horizonte,
meus sentidos, que se deram à mim desde muitos ontens,
fogem como fossem simetrias soltas no espaço,
um rabisco de pintor alucinado,
uma desconstrução de Picasso,
de Dali um mero traço...
Se o som que entra ouvidos adentro
parando com suas mãos de maestro,
o tempo,
paira,
pairo e paro sobre o pentagrama do vento,
soo como a canção que soa em mim,
eu e ela,
duas músicas e um só fim,
luz nos olhos do momento...
Se a vida, mágica que surge do repentino instante,
rege a passagem por dentro da carne do universo,
rogo aos mágicos que a processam o delirante
instante em que surjo do nada onde estava imerso...