OS ESCAFANDRISTAS
Na mesa posta para poetas e escrevinhadores,
para quem não se acha um e nem outro,
deixei um lugar vago para quem acha que as dores
de amor ou de fatos corriqueiros é o ouro
dos versos que se apanha na enseada do querer,
deixei lápis e caneta em nanquim de sangue
a quem quiser escrever sobre sua ferocidade
ou o abandono em seu próprio mangue...
Pus vinho rubro e cicuta e absinto,
que cada um morda a própria cauda,
o poeta verdadeiro me diz que minto
se o poema couber numa lauda,
se a palavra procurada se apresentar
querendo dar explicações sobre a vaga
onda de sentimento que por acaso lhe custar...
Se alguém vai ler? quem sabe...
Se olhos se porem sobre a metafísica dos versos,
se mãos tocarem a pele da tardia tarde
sentiremos todos, os escafandristas imersos...