UMA LOUCA MULHER
Uma mulher subiu num caixote
Em uma pequena praça e fez um discurso
Muitos pararam para ouvi-la
Chamaram-na de louca
Não era candidata a nada
Queria apenas ser feliz
Começou seu discurso bem assim:
“Prá ser feliz
Não preciso de muito
Seja um companheiro, um namorado,
Um amigo, um marido,
Tem que ser inteiro,
Não pela metade,
Tem que ser desses que pode vir a qualquer hora.
De segunda a segunda...
Desses que pode chegar a qualquer momento
E ser bem recebido.
Tem que ser desses homens francos, de peito aberto, direto, transparente,
Que não tenha nada para esconder,
Que não suma de repente, em dias ou horas marcadas.
Tem que ser desses homens que chega contente
Que não me faça triste, em nenhum instante.
Que me faça rir como criança
Que só fale verdades, com sinceridade e alegria.
Ah, só assim mesmo prá não abalar a minha frágil confiança.
Tão dura de ser construída, nesses dias tão incertos e sombrios.
Tem que ser desses homens que golpeia duramente a mentira,
pois ela só serve para ferir sentimentos.
Só isso, eu quero...
Sou muito exigente?!
Será que sou?!
Não devo ser?!
Não, não sou...”
Curvou seu corpo,
em sinal de agradecimento
Pegou seu caixote
E foi embora muito contente!