Menino, eu e os moinhos.
Ele nasceu em um tempo,
Em que as amarguras eram estáveis.
Os corações batiam descompassados,
Tempos de guerra, tempos de paz.
Tempos de inocência,
Tempos de menino.
E a vida o despertou então.
Com as suas leis e normas de homens,
Que diziam que ser certo era ser igual.
Mas as maldades nos olhos,
O chicote, as balas que zuniam,
As torturas nos porões dos loucos,
Era que ditavam as regras.
E o menino sentiu no sangue,
Que nas ruas via escorrer,
Que o certo era errado,
Mas eles tinham o poder.
Então sua mente se abriu,
E seus olhos de menino,
Descobriram um novo amanhecer.
E o menino cresceu,
Com seu coração de gigante.
E se viu lutando as mesmas guerras,
Que viu outros lutarem antes.
E em suas batalhas sangrava,
Como sangraram seus heróis.
Perdia, mas não desistia,
Porque no seu interior sabia,
Que seria um dia vencedor.
E o menino se tornou homem.
O homem se tornou velho.
Mas as suas velhas batalhas,
Continuam as mesmas.
Era um, de coração puro e doador.
A todos se doou , e a ninguém agradou.
Hoje guerreiro solitário e cansado,
Perdido em seus pensamentos,
Um don Quixote amargurado,
Sem seus moinhos de vento.