SE PERDER, SE ACHAR...

As meias?

Perdi andando entre gravetos e arbustos,

saí atrás do uivo, na noite, de susto,

seria um lobo, um monstro,

a vida que gritava,

seria a noite que se descabelava

ou a lua, abandonada pelo sol, que uivava?

As palavras?

Perdi-as andando pela vida,

umas falavam de amor, outras de comida,

outras se enroscavam nos cabelos de estrelas,

escondiam-se atrás de nuvens, não se podia vê-las,

muitas se jogavam da ponte à procura da fonte

que dizem existir dentro do mundo submerso,

tantas se misturaram ao gosto popular,

viraram cantos, cantigas, repentes,

vivem enroscadas nas línguas

de tanta gente e falam de sonhos,

declamam poemas ao universo,

delas pouco sei e sei que sabem de mim,

sabem que sou parte do começo, meio e fim...

A vida?

Segue seu rumo,

vaga entre ondas de saudade e poesia,

segue o rio da melodia,

se deita e toma sol em toda a pele,

bebe o vinho da espera e colhe a flor,

revela seu teor e exala, bela e leve,

como rubra rosa, todo seu amor...