TAMBORES INFINITOS

Este tremor que caminha como serpente sob teus pés

vem do chinês que pesca e salta para apanhar o peixe,

este rubor em tua face que é só o frescor da alma que és

vem do leque que espanta o vento das pétalas em leite

que o pescador oferece ao mar que vê, amoroso, do convés...

Essa sua fuga interior por caminhos que chama de labirintos,

digo-te, feito oráculo, são pessoas que tocam seus tambores infinitos,

partes de tua face que espias em lago calmo como moderno Narciso,

esse tremor em teus lábios são poemas que, te digo, pressinto

que querem vir ao mundo por teu fôlego de Prometeu impedido...

Como eras de um mesmo tempo ainda não vivido

seremos as eternidades de um renovado Paraíso,

poremos Adão e Eva de quarentena e o anjo mau também;

esse movimento que o mundo faz é só o silêncio

dizendo a quem vive nesta época de fenecimento do amor:

sinta e pressinta e nunca minta quando beijares a única flor...