Soneto I
Soneto I
O ser que a si se forma, já tem forma:
Cérebro que não vendo, sonha a luz.
Forma fetal que em pletora seduz
Pré-vida que a sua própria vida orna.
Oh! Mas não protegido em sua redoma,
Medeia hedonista, já morto Jasão.
Meu corpo, minhas regras, nosso pão.
Da vida apenas um sanguíneo aroma.
O fato feito feto: infeliz fado:
Depender de um corpo humano o proteger,
corpo de sangue fértil, mas não arado.
Cessado o seu que não poderá ser,
O nosso comum destino negado.
Dantes nascer para a morte: morrer!
(Ricardo Gomes Pereira)