Soneto I

Soneto I

O ser que a si se forma, já tem forma:

Cérebro que não vendo, sonha a luz.

Forma fetal que em pletora seduz

Pré-vida que a sua própria vida orna.

Oh! Mas não protegido em sua redoma,

Medeia hedonista, já morto Jasão.

Meu corpo, minhas regras, nosso pão.

Da vida apenas um sanguíneo aroma.

O fato feito feto: infeliz fado:

Depender de um corpo humano o proteger,

corpo de sangue fértil, mas não arado.

Cessado o seu que não poderá ser,

O nosso comum destino negado.

Dantes nascer para a morte: morrer!

(Ricardo Gomes Pereira)

Gomes Ricardo
Enviado por Gomes Ricardo em 26/11/2016
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