Travessia

À quem quer que possa pertencer.

A quem me tenha levado, de novo,

o levado tempo que de tão leve, voou.

Agarre o com força. Não o deixe escapar

nem engane a si mesmo. Se fugiu, fugirá

de novo e de novo e de novo.

Faça parecer que não se importa e então,

abra a porta. Travessa, travessia deixará

marcada. Um dia sumirão até tuas pegadas.

Como Deus, saberá que estive ali, não possa

provar que passei; não possa me ver nem mais

me ouvir. Do cálice, embriagado, calei.

Ah, não fique triste, mas se ficar, escrava me poemas.

Quando finalmente puder sentir o que sinto não dirá

o que sente e, tão somente, sentirá muitíssimo.

Autor: Augusto Felipe de Gouvêa e Silva.

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Poeta Curitibano
Enviado por Poeta Curitibano em 26/11/2016
Reeditado em 04/01/2017
Código do texto: T5835119
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